O autismo e seu impacto na vida das pessoas que têm esse transtorno e suas famílias
são abordados na Jornada de Sensibilização ao Transtorno do Espectro do Autismo,
realizado no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff) na quinta (5/3) e sexta-feira.
O evento faz parte das discussões entre diversos entes da sociedade que resultarão na
nova política pública da Secretaria da Saúde (SES) voltada a este público, uma
prioridade do governo do Estado para este ano.
A diretora do Departamento de Ações em Saúde, Ana Costa, abriu a jornada ressaltando
a importância da qualificação dos profissionais que trabalham com pessoas com autismo
e a necessidade de lançar um olhar também sobre as famílias. “Esse transtorno
perpassa as ações de todos os públicos: está inserido na saúde da criança, da mulher,
do homem, do idoso. É uma discussão ampla, por isso precisa ser intersetorial”, disse.
Existam cerca de 2 milhões de pessoas com autismo no Brasil, sendo aproximadamente
200 mil no Rio Grande do Sul e quase 50 mil em idade escolar.
O grupo de trabalho que está debatendo a questão em busca das melhores alternativas
para oferecer aos cidadãos é formado por técnicos de diversas áreas da saúde e também
das secretarias da Educação (Seduc), de Trabalho e Assistência Social (Stas) e de
Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), assim como da Federação das
Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Sociedade de Pediatria do RS,
Rede Gaúcha Pró-Autismo, Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas
Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul
(Faders) e do Telessaúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
A primeira palestra, na manhã desta quinta-feira, foi dada pelo professor Nelson Kirst,
coordenador da Associação Pandorga, de São Leopoldo, que há 25 anos atende pessoas
com autismo grave. Ele apresentou a realidade do cotidiano dessas pessoas e suas
famílias. “Nós, que não temos um autista na família, não fazemos ideia de como o
transtorno afeta tão profundamente a vida de todos os que estão em volta”, disse.
“Quem tem um filho ou familiar com autismo geralmente precisa se dedicar
exclusivamente àquela pessoa e perde outros aspectos da vida, como trabalhos, estudos
e tempo de lazer.”
O professor afirmou que o transtorno do espectro do autismo é “absolutamente
democrático, pois não conhece geografia, raça, cor ou situação econômica”. Conforme
Kirst, “toda a sociedade precisa entender o que é o autismo e entender as pessoas que
têm este transtorno”.
Na programação da jornada, ainda estão previstas palestras com Ricardo Halpern, Gledis
Lisiane Motta, Débora Jacks, Adriana Bastos e Luciana Santos da Silva. |